Encontro-me por vezes dividida. A atração de um gestualismo puro, um rasgo de luz, cor, ou uma forma que rapidamente se afigura na tela como se se desenhasse a si mesma.
Outras vezes ou a tela resiste, ou o processo em si resiste, e ao invés de um movimento fluido, dou por mim num processo mais elaborado em que as formas são mais estruturadas. Por vezes ao longo de dias, semanas, e mesmo meses.
Deixo a tela, inicio outro trabalho, para regressar ao estudo anterior. Continuar a aprofundar algo que está lá, mas ainda sem forma. O mesmo rasgo de cor, de luz, textura, dimensão. As transparências agora tomam outra forma.
Ao invés de uma deposição fluida, uma deposição lenta, elaborada, camada a camada. A composição agora toma outro peso. Dou por mim a usar cores que normalmente não usaria, a dominar uma tela com azuis, ou vermelho, as formas a negro. Mas julgo que sem violência; não me passa pela cabeça tal coisa. Uma determinação mais concreta, absoluta, da forma da cor e da luz. Isso sim.
Dou por mim dividida entre estes dois polos, e a tela está ali, como que a arbitrar esta dicotomia constante.
MANUELA MENDES DA SILVA
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