A Luz e a Cidade: A Exposição “Alegoria” de Manuela Mendes da Silva
Descubra a exposição "Alegoria" de Manuela Mendes da Silva, onde luz e cor dançam sobre a tela, revelando paisagens urbanas encantadoras e cheias de mistério. Uma viagem onírica pelas profundezas do imaginário da artista.
Na exposição “Alegoria”, a artista plástica Manuela Mendes da Silva revela a sua capacidade única de manipular a luz e a sombra. Através de uma paleta vibrante e cheia de nuances, a artista conduz-nos por paisagens urbanas que oscilam entre o real e o imaginário. As suas telas, que estiveram expostas na galeria “Artésis – Galeria de Arte e Design”, em Vila Nova de Gaia em 2006, encantam pela luminosidade que parece surgir de dentro para fora, com tons de âmbar, lilás, lápis-lazúli e cobre.
As pinturas de Manuela Mendes da Silva evocam um sentimento de introspecção e sonho, onde o espectador é convidado a passear pelas ruas iluminadas de uma cidade onírica. Com pinceladas enérgicas e gestos audaciosos, Manuela Mendes da Silva retrata uma realidade submersa, quase mágica. É como se as casas e águas fossem tomadas por uma luz interna, revelando um espaço encantador e místico.
Na sua pintura, vemos uma fusão de realidade e fantasia, onde cada brilho de luz parece carregado de significados ocultos, quase espirituais. As telas de Manuela Mendes da Silva na exposição “Alegoria” apresentam um cenário urbano noturno, onde luzes dispersas nas casas criam um contraste com o céu envolto em neblina. As nuances de azul e roxo envolvem o espectador numa atmosfera de mistério, como se a cidade estivesse adormecida, apenas esperando para ser revelada pela luz que Manuela Mendes da Silva tão magistralmente controla.
“Nesta exposição Maria Manuela Mendes da Silva desvenda a luz que incendeia a tela numa jornada por cálidos céus de âmbar, lilás, cobre e lápis-lazúli . Faz pairar sobre as casas e dançar nas águas as claridades da sua paleta ,numa viagem de sonho, ao burgo adormecido. De súbito, ilumina os espaços e dá-nos a ver toda a cidade na oferta do seu imaginário. A forte gestualidade desta sua pintura indica um caminho que vai fazendo por zonas diversas das que anteriormente trilhou, mas sempre com grande rigor e apurado sentido estético. Consegue aqui um conjunto forte, incisivo, simultaneamente fantástico e encantador.”
Alegorias Visuais e Poéticas
O poema de Eugénio de Andrade “A torre”, fala de uma “torre alta” que remete à alma, enquanto Manuela Mendes da Silva parece construir na sua arte, essas torres de luz e cor, que elevam o espectador para um estado de contemplação profunda. O uso de tons escuros e contrastantes sugere uma profundidade emocional e espiritual que se alinha perfeitamente com a poesia que acompanha a exposição.
A Técnica: Gestualidade e Rigor
Como se pode observar nas imagens da exposição, as figuras quase se dissolvem nas luzes e sombras, criando uma sensação de movimento contínuo, como se estivéssemos a assistir a uma cidade que respira e muda a cada olhar. É essa interação entre controle e espontaneidade que confere às suas obras uma qualidade característica.
A Luz como Fundamento
Nas suas mãos, a luz torna-se uma entidade própria, moldando e revelando realidades ocultas.
Uma Viagem pelo Imaginário
A exposição “Alegoria” não é apenas uma exposição de pintura: é uma jornada pelo imaginário de Manuela Mendes da Silva, onde a luz e sombra se encontram para criar um mundo único.
Através das suas obras, somos convidados a explorar cidades que, embora sonhadas, parecem incrivelmente reais na sua representação de emoções, sonhos e desejos humanos.
Explore o mundo da artista no seu Portfólio.
S/ titulo
Acrílico sobre tela, 80x115cm
Produzi a luz e viajei por ela como se fora um dos invisíveis.
Disse à luz: “Eleva-te, torna-te firme, e sê uma fundação do Altíssimo.”
Tendo-me levantado do meu trono, vi que não existe nada mais elevado que a luz.
Livro Sagrado dos Henoch
Excertos de “A criação do mundo” (versão etiope)
S/ titulo
Acrílico sobre tela, 50x100cm
No promontório o muro nada fecha ou cerca
Longo muro branco entre a sombra do rochedo
As lâmpadas da água
No quadro aberto da janela o mar cintila
Coberto de escamas e brilhos como na infância
O mar ergue o seu radioso sorrir de estátua arcaica
Toda a luz se azula
Reconhecemos nossa inata alegria
A evidência do lugar sagrado
Sophia de Mello Breyner
“Promontório”
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