A exposição "Elementos III" de Manuela Mendes da Silva explora luz, cor e emoção em pinturas que revelam um diálogo profundo entre o mundo e a imaginação.
Da mesma forma a Manuela Mendes da Silva salpica de luz e arte a poesia da vida dando-lhe ritmo e cor, transportando-nos para espaços de emoção, convocando-nos a percorrer caminhos imaginados para deleite delongado dos nossos olhos.
Na sua pintura assistimos ao rasgar de espaços, sublinhando o tempo com memórias que se reinventam em cada traço de cor, restando uma imensa sensação de cumplicidade entre o objeto assim criado e o observador, fazendo-nos acreditar que os mundos por ela gerados também são de nossa pertença.
A arte que nos é oferecida pela Manuela reflete a sua capacidade de observar, refletir o mundo e reproduzir a emoção das suas viagens, expressando nas cores com que nos enlaça toda uma experiência vivida. Há uma pressentida relação de dependência/independência entre o que é visto e o que é dado a ver, realidades que se reescrevem em estrofes cromáticas que nos surgem como derrames vulcânicos, plasmas oceânicos, ou cuidados jardins orientais.
"A arte serve a beleza, e a beleza e a felicidade de possuir uma forma. E a forma é a chave orgânica da inexistência: tudo o que vive deve possuir uma forma para poder existir. E portanto a arte, mesmo a trágica, conta a felicidade da existência." BORIS PASTERNAK
Conheço boa parte do espólio artístico da Manuela Mendes da Silva e perante cada obra sempre me sinto ligado, como por encantamento, ao movimento e à cor revelados, encaminhado para lugares com cheiro, sabor, dança e música, onde o direito à alegria e ao desfrute são inalienáveis.
Na obra da Manuela não há recusas, há afirmações, como se não pudesse negar a si mesma a imposição de nos incitar à descoberta da vida por ela imaginada, partindo do mundo para nos oferecer mundos, apelando à nossa capacidade individual de sentir e perceber, mesmo que cada um a entenda de forma diversa, num diálogo estético voluptuoso de cores, transparências e luz.
MÁRIO PINHEIRO
A exposição esteve patente ao público entre abril e junho de 2021, na Casa da Granja em Amarante.
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